segunda-feira, 29 de novembro de 2010


O futebol de mesa tem uma nuance muito particular: jogadores que são identificados com determinadas equipes. Lá no Geraldo Santana tem o Nacional Fosca, o Bayern Gothe, o PSV Saul, o Milan Moreira, o Estudiantes Germano e assim por diante. Mas todos esses, em determinados momentos, pularam pra outra cama e foram infiéis aos seus clubes de “coração”.

O Fosca já foi visto aos beijos com o Ferro Carril. O Gothe faz juras de amor eterna ao Fluminense. O Saul já tomou várias cevas com o Coritiba. O Moreira tem relações esporádicas com o Boca Juniors. E o Otávio Germano adora dar uma saidinha com o Feyenord.

Mas tem uma cara que nunca traiu seu amor. Esse cara se chama Paulo Fernando. Seu único amor responde pelo nome de River Plate. Um dia o vi de mãos dadas com o Santos, porém devia estar louco ou bêbado ou os dois juntos.

Em crise o River Plate tem dado poucas alegrias ao seu torcedor nesses últimos cinco anos. Fora o Clasura de 2008, os Borrachos del Tablon só sorriem quando olham o GotheGol e veem Paulo Fernando sempre entre os primeiros nos campeonatos do Geraldo Santana. Um orgulho para o fãs do time de Belgrano.

Entretanto, dessa vez Paulo não conseguiu vencer e pior a derrota na final foi para o Boca Juniors. Decepção total da segunda maior torcida da Argentina. Ortega foi visto em bares bebendo com o ar incrédulo e os olhos vermelhos.

Nos bairros populares, os Xeneizes eram só sorrisos e gritos de euforia motivados com as notícias vindas do Brasil que denunciavam a vitória do Boca Juniors de Moreira na Copa Mar del Plata.

E depois tem gente que acha que não tem pressão da torcida quando se joga botão. Idiotas ululuantes, já diria Nelson Rodrigues.

Enquanto isso a Taça RS reuniu apenas 11 entidades. Números decepcionantes para o esforço do presidente Marcelo Vinhas. O campeão foi Michel da Riograndina.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Pau neles


Finalmente a polícia do Rio de Janeiro está agindo contra esse bandidos bobões que infestam aquela terra abençoada por Deus. Com a benção do governador Sérgio Cabral e até pitacos do senhor presidente da CBF e mafioso, Ricardo Havelange, quer dizer, Ricardo Teixeira, vamos limpar a Cidade Maravilhosa. A Copa do Mundo e as Olimpíadas serão disputadas com a santa paz do criador.

Piça!!!! Com o apoio e aplausos efusivos de todos, está se arquitetando um Carandiru a céu aberto. Até o exército está na rua (para delírio dos saudosos da ditadura militar onde tudo é permitido) para passar o carro por cima de traficantes e moradores de zonas socialmente vulnerávis - o que para o Estado é quase a mesma coisa.

O Estado só entra nessas comunidades na forma de repressão. Pau nos excluídos e fortuna para os verdadeiros barões do narcotráfico que passeiam lindamente pelos corredores do órgãos públicos e empresas respeitadas. O sitema é foda, né Nascimento?!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Deputados, Pedrinho, Rafael

Tu já sonhou em ganhar 26 contos por mês. O Felipe, meu camarada, diz que já. Entre risadas e cervejas, ele gritava nos bares que se essa grana entrasse na conta todo mês, não ia ter puta pobre na Farrapos. Mas isso foi há muito tempo. Hoje, ele é um cara bem casado e fiel.

Vinte e seis mil reais é o sonho de consumo dos nossos nobres deputados federais. Dinheiro mais do que justo pro trabalho que eles e todos os políticos efetuam em prol do progresso da nação. Um bom aumentinho dos atuais quatorze mil, vai dizer.

Mas engana-se quem pensa quer esses caras curtem dinheiro. Esses valores seriam repassados a dezenas de subalternos para fazer campanha em comunidades pobres - onde a pobreza se perpetua, a mão dos políticos entra forte e com ar de salvadora.

O desejo é continuar no poder. É isso que move a bunda desses filhos da puta em direção aos seus eleitores. Esqueçam esses 26 mil. Isso é migalha perto dos acordos realizados em salas e corredores dos prédios públicos de Brasília.
Ah, e o Orlando Silva nem bola pras maracutaias do Ricardo Teixeira. Nem os “comunistas” mais se salvam! Coitado do Mário Lago.

Pedrinho

O Pedrinho morava em Londres. Só a cidade mais visitada do mundo. Três milhões de pessoas gastam seu rico dinheirinho pra conhecer a capital da Inglaterra. Lá o Pedrinho era a pessoa mais feliz do mundo, mas faltava algo: o futebol de mesa.

E, por isso, somente por isso, o Pedrinho retornou a Pelotas. E chegou ajudando. É um dos responsáveis pelo site da federação. Assumiu o blog da Academia novamente e com o brilho costumas. Porém apenas uns dias de ausência nas postagens, o abnegado Pedrinho é alvo de críticas ferozes e sórdidas. Meu caro amigo, como diria Chico Buarque, as portas do Geraldo Santana estão abertas. Essas pessoas não te merecem.

Rafa Tosh

Perto da coluna de número 100, o Rafael anda meio nervoso e irritadiço, mas nada que abale seu ótimo sendo de humor quando escreve. A dos caras da Popular anotando no caderninho os métodos da Geral é impagável. Estou louco pra ver quando ele vai postar as aventuras na Europa, como o trago com os Skinheads estonianos. Muito hilária memso.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Grande Zé


Queria, antes de postar esse texto sobre o Zé, pedir desculpas ao pessoal do futebol de mesa. Curto escrever sobre botão, mas gosto de escrever sobre sexo, esporte...enfim, esse blog é libertário e palpiteiro sobre a vida

CONHEÇAM O ZÉ E SUA CANALHICES

O Zé tinha vários quês de um sujeito normal. Baixo, um metro e setenta e três no máximo. Calvície acentuada, para não dizer careca total. Aspecto que o fazia parecer bem mais velho que os seus trinta anos. A falta de pelos no corpo somada à pele bem clara, lhe dava um ar feminino às vezes. Para piorar, os olhos escuros e sem graça não lhe proporcionavam nenhum charme. A falta de músculos no corpo quase somaliano (como brincavam os amigos) o deixava longe de ser um homem cobiçado pelas mulheres.

Em contrapartida, o bom humor dele superava as adversidades provocadas pelo corpo. Dizia em bom som que tinha o tornozelo mais bonito de Porto Alegre. Adorava fazer graça com as suas “conquistas”.

“Peguei uma ontem que não tinha o centroavante.”

“Sério, a mulher era demais. Cem quilos de puro prazer.”

“Só vi a deformação na mão dela quando agarrou o meu pau pra pagar o boquete.”

E assim seguia o Zé rindo dos “defeitos” alheios para não pensar demais nos dele: na falta de tesão que gerava nas mulheres. Só admitia nos bares com os amigos e amigas mais chegados.

“Deus não dá asa à cobra. Se fosse mais ou menos bonito, pegava todas”, garantia entre uma cerveja e outra, para depois lamuriar-se durante horas sobre a importância das mulheres em sua vida.

Não pensem que o Zé era loser total. Negativo: pegava várias meia-boca ou limpinhas –como sempre diz o nosso amigo Diego.

E assim a vida do Zé foi transcorrendo. Até ser surpreendido por uma informação. Daniela, namorada do Bruno, falava a todos da mesa, mas principalmente para o Ricardo, galã da galera (alto, forte, olhos verdes claros e um sorriso no mínimo persuasivo). O Ricardo até parece Iemanjá, tá sempre recebendo oferendas. E a Dani estava jogando o sabonetinho no mar.

“Eu tenho uma amiga, a Débora, que ficou solteira recentemente. Linda de morrer. Super corpo. Parece a Giovanna Mezzoogiorno (atriz italiana). Vocês precisam ver, vão ficar todos loucos por ela.”

Os outros o Zé não soube, mas ele se apaixonou naquela hora. Giovanna era alvo de homenagens e mais homenagens. A atriz do filme La Último Bacio é dona de uma beleza madura e olheiras. O Zé sempre me diz que adora olheiras.

“Cristian, mulheres com olheiras são tudo nessa vida. Estilo junkie, sabe?”

E o destino sorriu pra meu grande amigo Zé. Primeiro, o Ricardo arranjou uma namorada, a Kátia. Depois, O Zé conheceu a Débora (linda e gostosa como a Daniela tinha dito) num dia em que estava completamente bêbado e à vontade para falar suas loucuras deliciosas, que tanto seduzem os amigos e amigas desse filho da puta.

A Débora caiu de quatro por ele. Na primeira noite se dedicaram apenas aos beijos. Foram devagar testando a aderência, sentindo o contato. Curtindo a língua, o pescoço, mas a velocidade dos acontecimentos foi saindo de controle.

Rock n’Roll rolando pegado no Cabaret Voltaire e o Zé curtindo seu momento de astro com a melhor mina da festa. A certa altura perdeu todo o pudor de mostrar a excitação descontrolada do seu corpo.

Esfregava o pau duro na calça jeans de Débora. Hora na região da buceta, ora na bunda quando a dominava de costas. A resposta vinha em gemidos baixos e rápidos. Zé mandou o mundo à merda e dentro do Cabaret puxou o cabelo dela com violência, como se já a estivesse comendo de quatro em sua cama. Os dentes cravados no pescoço sugando cada gota da gata mais gostosa do mundo.

A loucura tomou conta, mas não foi nesse dia que Zé desfrutou do sexo da gostosa Débora.

Uma semana depois, o celular do Zé toca. Ele atende no primeiro toque e ouve A voz.

“Estou aqui na frente, pode descer.”

O Zé desceu correndo, alucinado. Atropelou no caminho a dona Dulce, uma coroa gostosa que mora no apartamento em cima do seu.

Abriu as duas portas antigas, características de prédios de quatro andares da rua Felipe Camarão, e tascou um beijo em Débora digno de E O Vento Levou. No corredor, já dentro do edifício, deu outro beijo, esse mais malicioso, digno, digamos, de Márcia Imperator e Carlos Bazuca, astros de brasileirinhas.

Fechou a porta atrás de si e seguiu Débora com passos curtos, sempre a admirar sua bunda. Zé gostava de olheiras, mas na véspera do primeiro arremate não tem como ignorar a parte favorita de 11 entre 10 brasileiros.

Daqui pra frente, o Zé me contou pouca coisa. Vamos as partes principais.

O Zé é um ser humano normal, ou seja, cheio de taras. A primeira delas, sorver a buceta com ímpeto depois de retirar a calcinha da guria. Isso é uma lição, sempre diz o Zé.

“Na primeira vez que o cara come uma guria, ele tem que tirar a calcinha dela.”

E com a Débora não foi diferente, a boca grudou nos lábios vaginais com força enquanto a mão direita conhecia o seio siliconado da “Giovanna”.

Zé não demorou muito.

“Gosto de chupar, mas acho que não sei direito, então prefiro partir pra onde me garanto que é a penetração.”

Mas antes teve tempo de manifestar outra tara sua.

“Cara, eu tinha uns dezessete anos. Namorava a Bruna. Um dia tô comendo ela de bruço quando de repente ela pega meu dedo o coloca dentro da boca e diz pensa que eu tô chupando teu pau gostoso. A partir daí, meu camarada, sempre peço pra elas fazerem isso, hahhahahaha.”


Só que dessa vez o tiro saiu pela culatra. A Débora olhou fundo no olho dele e disse, tu não prefere que eu chupe o teu pau sem pressa. Estava prestes a cair mais uma teoria do Zé.

“Mulher não sabe chupar direito. Todas roçam os dentes na cabeça do pau do cara. É a maior merda. Eu prefiro ficar me masturbando enquanto ela chupa as minhas bolas. Isso sim é muito bom.”

Mas a Débora dominava o assunto, isso que usava aparelho. O Zé foi à loucura e não conseguiu se controlar. Prestes a gozar, resolveu ser cavalheiro e avisar. Quando abriu os olhos, vários segundos depois da explosão, Débora já estava de pé a olhar direto nos seus olhos e perguntar se tinha gostado. No rosto e nos lábios nenhuma marca de esperma. Ela havia engolido tudo, para a alegria juvenil de Zé.

“Puta que pariu, Gustavo, nem quando consegui a figurinha do Marquinhos do Atlético Paranaense – que era a última do álbum do brasileirão de 1988! – fiquei tão feliz.”

Foram seis horas de sexo quase ininterruptas. No máximo pausa para uma água ou refri. Rolava um banhinho também. Se bem que, na hora em que os dois foram tomar banho juntos, nunca se ouviu tanto gemido no prédio. Culpa do vácuo dos banheiros.

Em meio à décima sexta transa, a frase com o qual até hoje o Zé começa todas as suas homenagens: Me come forte, como nunca ninguém me comeu, seu filho da puta.

“Nessa hora, galera, larguei de ser ateu e não tive dúvida, Deus existe e só quer o bem da humanidade.”

Seis da manhã os corpos se entregaram. O problema é que a Débora trabalhava dali a duas horas, no sábado de manhã. Ela acordou, tomou banho e voltou para a cama para se despedir do Zé. Na mão um copo de nescau. Trouxe pra ti. Quando ele despertou do sono e viu o copo se desesperou. Fudeu. E olha que o Zé ama nescau. A Giovanna saiu pela porta e nunca mais entrou.

“Gurizada, nunca tenham um relacionamento com uma mulher que traz nescau pro cara depois da primeira noite, por mais bonita e gostosa que ela seja. É furada!”

As lições do Zé são sempre às melhores.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Aprenda a ser um treinador de verdade


Antes do texto polêmico sobre futebol de mesa, preciso contar uma história para vcs, meus caros quatro leitores. Eu já fui treinador de futsal. Tudo aconteceu muito rapidamente.

A Cláudia falou que o namorado da goleira do time dela era o cara a fazer as vezes de treinador. Só que ele não poderia ir mais aos treinos e as jogadoras resolveram testar outra pessoa na função e ela citou o meu nome.

E lá fui eu treinar as meninas do Sete Belo. Só conhecia três delas: Cláudia, Raquel e Thaís. Elas jogavam bem, mas não rodovam, nem faziam a movimentação na vertical e coisas do tipo.

Com a experiência de ter jogado dois anos em nível semi profissional no Alegrete Nicu's Bar pensei olhando a primeira meia hora: vou ensinar muitas coisas para essas garotas de como se joga o verdadeiro futsal. Durei meio treino. Fui despedido solenemente (isso que eu ia trabalhar de graça).

E sabe o motivo da minha demissão, foi porque tentei ensinar algo que elas não queriam aprender. Isso que eu não falei da importância de todas tomarem banho juntinhas e na companhia do técnico para criar uma união no grupo.

Se fosse hoje, eu me sairia muito bem. Apenas ficaria fazendo gestos do lado da quadra. Então, se algum de vcs leitores se arriscar nessa profissão, vou aproveitar esse espaço para ensinar como deve se comportar um técnico esportivo.

TREINADOR DE TÊNIS

Primeiro, tenha o cabelo desgrenhado, mesmo que seja escondido sob o boné. Fique impassível durante todo o jogo até se seu pupilo estiver jogando o quinto set da final de Roland Garros contra o Nadal. Sempre tenha a seu lado um cara de cabelo desgrenhado tb e comente lances com ele, mas sem demonstrar nenhuma emoção. Ah, procure sempre estar de pernas cruzadas e camiseta de marca esportiva.

TREINADOR DE VÔLEI

Gesticule em qualquer ponto, não importa o placar. Jogue junto com o time o tempo inteiro. Fique sempre sinalizando para algum lugar da quadra, pode ser um centímetro apenas de diferença, indicando o lugar onde a sua jogadora deve estar. Coloque a prancheta no rosto com o intuito de esconder a dica para a sacadora de onde a bola deve ir na quadra adversária. A roupa é o abrigo

TREINADOR DE BASQUETE

Pranchetinha e terno estilo NBA são imprescindíveis. Quando pedir tempo entre na quadra chamando os jogadores. Tipo, vamos lá cada segundo é vital. Veja o jogo agachado. Levante os braços com as mãos espalmadas para indicar a jogada, mesmo que não tenha ideia para que isso sirva. Depois do jogo, nunca elogie o cestinha e sim o jogador que pegou sete rebotes defensivos.

TREINADOR DE FUTSAL

Sempre coloque o dedo indicador da mão direita entre os dedos da mão esquerda que estão fazendo o sinal do V. Também pode fazer o semi círculo com o polegar e o indicador tentando demonstrar jogadas. Troque sempre todos os jogadores de uma vez só, isso denota ao público que todo time está bem treinado e sabe todas as jogadas. Procure fazer esse rodízio a cada dois minutos. Não importa se no teu time jogue o Falcão ou o Enrico.


TREINADOR DE FUTEBOL DE CAMPO

Esse é barbada. Grite palavrões o jogo inteiro. Pode gritar a rodo e sem motivo algum. Na entrevista coletiva elogie sempre os volantes, de preferência o mais criticado pela torcida. Fale jargões da moda como a bola pune e sobre a importância das linhas (que eu acho um engodo) de quatro. Ah, já ia esquecendo, nunca faça substituições previsíveis.

domingo, 14 de novembro de 2010


Essa coluna será toda dedicada ao campeonato brasileiro de futebol de mesa que aconteceu em Porto Alegre e reuniu mais de 180 botonistas em cinco categorias.



Nome na história


Marcelo Vinhas nasceu em uma terra guiada pela rivalidade. De um lado os rubros negros fervorosos torcedores do Brasil. Do outro, os áureos celúreos fãs do Pelotas. Cidade famosa por vários aspectos. Foi lá que um sujeito de sobrenome Schele, natural de Jaguarão, deu cores à camiseta da seleção brasileira.

À terra de Marcelo é conhecida no Brasil por ser um local de afeminados. O motivo de tal fama é a pujança em outros tempos. Seus filhos com os bolsos forrados atravessavam o Atlântico e iam estudar em Paris, Viena, Londres. Hoje, alguns ainda fazem essa viagem, mas parece que não são tão afeminados assim, apesar de torcerem para o Flamengo e chamar a outros homens de chefe.

Pelotas também é terra de grandes escritores e músicos. O meu favorito é o Vitor Ramil. E agora pode se orgulhar de ter o jogador mais completo de futebol de mesa do Brasil, como sempre defendeu Pedrinho.

Marcelo já ganhou tudo no cavado e migrou vagarosamente para o liso, onde os nordestinos, principalmente os baianos, orgulham-se de ser os melhores. Quem não é afeito ao futebol de mesa, deve achar que essa transição é tranquila. Não é. É complicada, bem complicada.

Marcelo já havia ficado entre os 24 melhores do país. Ótimo resultado para o futebol de mesa do RS. Só que dessa vez aproveitou o campeonato brasileiro em Porto Alegre para cruzar a fronteira do possível para o impossível.

Teve duas vezes com a faca no pescoço, nas oitavas e nas quartas, contra adversários do Espírito Santo. Gol nos minutos finais garantiram a passagem para a continuação do sonho. Na semi, o potiguar Aldemar ajoelhou-se perante a enorme técnica do jogador da Academia.

Marcelo escrevia seu nome na história do futebol de mesa: primeiro gaúcho a estar na final do campeonato brasileiro especial de liso.

A derrota para Alênio RJ na final não tirou o brilho da campanha do centauro pelotense.


Demarcando território

O campeonato brasileiro da categoria livre divide-se em dois grupos. Os gaúchos que defendem cores de associações locais e os gaúchos que jogam por outros estados do país. Brincadeirinha, galera. Porém, neste ano entre os quatro finalista encontravam-se dois expatriados, Careca por Santa Catarina, e Christian por São Paulo. A honra de erguer o troféu de campeão coube ao riograndino amigo do Erlon.

Durante os campeonatos, Christian é um sujeito calado. Não desperdiça uma gota de energia em falatórios desnecessários. O foco é total na mesa.

Quando ainda curtia o vento da “adorável” praia do Cassino, venceu vários estaduais e taças RS quase sempre envergando a camiseta da tradicional Afumerg. A ida do talentoso jogador para a terra da garoa somada ao fato da saída de outros tops fez a entidade perder força.

E o destino traçou o final perfeito para Christian. O último obstáculo na caminhada rumo ao título seria um atleta da arquirival Riograndina. O surpreendente Sandro (que não conheço pessoalmente) chegava a final com a vantagem do empate, mas aprendeu de maneira dolorosa a dificuldade de frear uma locomotiva. É impossível derrotar um titã em seu solo sagrado.

E assim ao reverter a vantagem e ficar com o caneco, Christian torna-se o primeiro jogador representante de uma entidade paulista a vencer na categoria livre regra um toque.

O velhinho é demais

Seu Lauro é católico praticante, mas nem sempre foi assim. O politeísmo dominava a vida do nosso herói até ele se deparar com Jesus Cristo em pessoa. A passagem do encontro está descrita no livro Gênesis do Novo Testamento. Brincadeira, o seu Lauro (o seu faz parte do nome, pelo menos pra mim) não é tão velho assim. Na verdade, ele nasceu doze anos depois da morte do messias.

Durante anos seu Lauro foi meu companheiro de Grêmio, apesar de ser colorado. O homem é ardiloso na mesa. As poucas vitórias que tive sobre ele foram comemoradas com litros e litros de cerveja, tamanha a dificuldade imposta. Isso que na época enxergava com apenas um olho. Depois da cirurgia corretiva, o sujeito tornou-se letal na mesa.


De repente, ele sumiu da minha vista às segundas-feiras. O motivo: uma paixão avassaladora. Sentimento que não foi despertado por uma mulher e sim pela modalidade liso do futebol de mesa, jogada as quintas no tricolor.

O departamento de futebol de mesa do Grêmio fechou e seu Lauro nos abandonou. Confesso, que a saída dele não foi bem digerida, afinal era querido por todos e tudo indicava que permaneceria ao nosso lado. Enfim, coisas da vida.

Ele foi jogar na Franzem e hoje teve a honra de vencer o primeiro brasileiro na categoria master (acima de 55 anos) no liso. Para abrilhantar mais a conquista, o título foi obtido em cima da lenda viva Paulo Schemes.


Hora de mudar


A Confederação Brasileira de Futebol de Mesa deve urgentemente mudar o sistema de uniformização. Os jogadores não devem jogar com camisetas dos seus estados e sim com o uniforme de suas entidades.

O raciocínio é simples: nós aqui jogamos o por equipes com o uniforme da entidade e o estadual especial também. Se a regra valesse aqui no estado, deveria ser jogado o estadual individual com a camiseta da sua cidade. Os cariocas, por exemplo, jogam o brasileiro com uniformes das respectivas associações. É muito mais legal. Dá um colorido todo especial a competição.

Muda já confederação!!!!!!


O próximo texto será sobre futebol de mesa tb e será bem polêmico...aguardem

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


O Tirirca errou nove das 10 palavras do ditado. Pica, ele poderia ter errado 11 e mesmo assim teria o direito de assumir a cadeira dele bem bonitinha na Câmara Federal. O cara foi a escolha de mais de um milhão de pessoas. Não importa quem votou nele, importa que votaram nele.

A eleição do Tiririca é mais legítima de que todos os militares que foram votados por colegiados ao longo da ditadura militar. É mais legítima que a de qualquer governante que em alguma época no Brasil (e não foram poucas) chegou ao poder por meio de golpes de estado. É mais legítima que um simples laço sanguíneo.

A eleição do Tiririca é uma bofetada numa Câmara Federal repleta de corruptos, assassinos e torturadores de uma nação inteira. É a resposta dos desvalidos ao caixa dois, aos acordos de gabinete, ao completo descaso com a situação de pobreza que assola ainda, infelizmente, um quinto da população brasileira.

Sou a favor das bolsas, mas a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. As pessoas que acordam a seis da manhã e trabalham o dia inteiro merecem salários dignos ou trabalhar menos. Eu fico com o trabalhar menos.


Cada vez que um ministro, um deputado, um vereador tem o salário aumentado (estes nem deveriam ter salário em cidades com menos de 100 mil habitantes), o cidadão comum se sente mais prostrado e inútil dentro de um sistema que é foda, como diria o capitão Nascimento.

A resposta vem em gritos silenciosos. Gritos de milhões. Tiririca eleito. Por favor, Tiririca, vai com roupa de palhaço todos os dias. Sei lá se terás o respeito da opinião pública, mas o meu certamente tu terá.

Mesmo sem te conhecer, tu já o meu ídolo maior.

Ah, as contas do Pan foram aprovadas pelo TCU, que só existe para atestar as falcatruagens com o símbolo da moralidade. Tomara que aconteça tudo de errado daqui para diante e a Copa vá parar no Canadá e as Olimpíadas tb. Os políticos brasileiros ainda não estão preparados para este tipo de evento. Eles parecem crianças em loja de doces, não sabem o que pegar primeiro, ou seria roubar primeiro.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Aqui na minha rua mora a dona Jacobina Maurer. Ela diz que é descendente direta de uma tal Jacobina Maurer que fez a revolta no morro Ferrabraz...não sei muito bem essa história então nem vou entrar em pormenores. Ela é aposentada e fica a bater papo com todo mundo. Eu já fui vítima dela por várias vezes.

Esses dias, ela estava na padaria bem na hora que eu fui comprar uns doces para dar de presente a duas gêmeas croatas que eu ando pegando, quando me deparei com um discurso inflamado da dona Jacobina.

Ela falava sobre um bisneto de oito anos que havia estuprado a bisavó de 112 anos e depois matado a senhora a bengaladas. Na esteira da notícia deflagrava o final os tempos, pois o ser humano, na visão dela, tinha chegado ao ápice da barbárie.

Na hora lembrei da faculdade e de uma palestra do Juremir Machado sobre a exposição da violência. E ele tinha razão. Hoje achamos que o mundo é mais violento, pois temos mais contato através de todas as mídias com qualquer atrocidade como se tivesse acontecido no nosso vizinho. Na verdade, as pessoas são muito mais civilizadas.

Na idade média, por exemplo, enquanto Kulleava tranquilamente o rei da França resolvia invadir o sul da Inglaterra. Ai ele mandava chamar os representantes de todas as regiões do país.

Sem grana, como o cara que mal tinha um exército oficial, ia prometer a corsos, gauleses e demais que valia a pena deixar os afazeres de lado só pra ir lá matar uns bretões. Apenas de uma forma: com promessas de saque total. Ou seja, neguinho chegava lá e destruía geral. Matava geral. Estuprava geral.

E esse tipo de comportamento não era exclusividade de reis europeus. Era regra em todos os continentes e durante anos e mais anos vigorou. Aqui no RS, no século 19, tivemos a revolução federalista. Massacres a torto e a direito. O pau pegou feio.

O ser humano foi ficando mais dócil não mais violento. Hoje somos muito mais civilizados. Domingo tive mais uma prova disso. Antes de entrar no estádio para o show do Paul, ficamos a mercê da sorte nas filas já que não havia nenhum tipo de informação ou organização. Mas graças a civilidade das pessoas tudo deu certo e mais de 50 mil pessoas assistiram ao show de maneira ordeira (como diria minha vó).

Ontem tomei um trago e falei tudo isso para a dona Jacobina que estranhamente ficou excitada com o assunto e me convidou para um chá na casa dela. Confesso: tracei a senhora no auge da beleza dos seus 74 anos. Mas quero deixar bem claro que foi consensual.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Voltando a brilhar


Eu tinha prometido falar dos meus camaradas da publicidade, mas contarei algumas história antes de retomar esse tema. Nunca fui digno de confiança.

Na última sexta, enquanto e meus amigos cumpríamos a nossa missão de todo o início de final de semana, beber como se não houvesse amanhã, no mezanino do Nicus, acima da gente, gritos de histeria. A motivação vinha do último debate presidenciável entre o tucano Serra e a petista Dilma.

O ex governador e ex prefeito de Porto Alegre Alceu de Deus Collares ressaltava-se no grupo. Cada resposta da Dilma era comemorada com os punhos cerrados no alto. A felicidade do político contagiava o ar. Ele voltava a ser protagonista, depois de anos na obscuridade. Fez apenas 3% dos votos para governador em 2006 como candidato do PDT.

A virada começou faz alguns meses. Collares descansava em sua residência quando um aspone trouxe a notícia.

- Boas novas, governador. Dilma foi confirmada como a candidata petista a presidência da república.

- Quem é Dilma? Questionou o bageense.

- Dilma foi secretária do senhor. Na pasta de Minas e Energia. Respondeu o puxa saco.

- Ah. Uma feinha que o Carlos Araújo comeu por anos. Aliás como ele teve coragem? Que tem ela, afinal? Questionou novamente.

- Ela era ministra do governo Lula. Chegou a ser a manda chuva da Casa Civil. E agora, o Lula a indicou a sua sucessão.

- Lula??

- Aquele sindicalista que o Brizola chamava de Sapo Barbudo.

- Hahahaha. Que saudades do humor do velho Brizola. Faz tempo que ele não me liga. A Neusa disse que ele está em um sítio descansando. No mesmo onde está meu cãozinho Janguito (nome dado em homengagem ao ex presidente do Brasil João Goulart).

- Pois é, governador, mas o que eu vim dizer para o senhor é o seguinte. Com a confirmação da Dilma o seu nome volta a tona. O PDT no Rio Grande do Sul vai apoiar o Fogaça, mas o senhor vai ficar na trincheira petista e apoiar a Dilma. Entendeu??

- Sim. O que eu devo fazer?

- Participar de todas as atividades da campanha. Discursar nos comícios e enfatizar que ela é o caminho para o país. Como a primeira experiência política foi ao lado do senhor, todos vão citar isso e é importante para ela contar com o seu apoio.

- Farei isso com o maior prazer. Ah, e se o Brizola me ligar diga que estou em campanha pela Dilma.

E foi assim que o velho Collares voltou a tona.

Na saída do Nicus,depois do debate, a empolgação do velho Caudilho era impressionante. Feliz da vida saiu do bar reto, sem pagar. Na Lima e Silva com os braços erguidos gritava palavras de ordem e pensava em voz alta:

- Quando o Brizola voltar do sítio vamos comemorar essa vitória tomando um bom vinho chileno. Aliás, vitória de quem mesmo?? Perguntou para o aspone que pagava o conta no bar.

E assim foi embora o velho Collares e seu séquito. Enquanto nós gritávamos no bar: ivo, ivo, ivo, caledário rotativo!