quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Outubro rosa


Quando eu era criança vi um filme americano chamado “Onde Estavas Quando as Luzes se Apagaram”. Não lembro de tê-lo visto mais de uma vez. Mas entrou no rol das minhas películas favoritas. Era uma comédia muito divertida sobre um blecaute.
A história termina numa maternidade nove meses depois com dezenas de crianças nascendo. Ou seja, ninguém ficou de bobeira durante a escuridão.

No Brasil se existe época onde a galera definitivamente não fica de bobeira é o carnaval. Sempre que alguém revela que nasceu em novembro já vem a mente: “Mais um filho do Carnaval”.

Na minha família as coisas esquentam definitivamente em janeiro. O início do ano é um tempo repleto de “amor” entre os casais. O resultado são nascimentos, muitos nascimentos, nove meses depois.

Em outubro meu pequeno bolso fica ainda menor. Haja grana pra comprar presente. Tem de tudo: pai, tia, sobrinha, afilhada...
Nenhum dos meus avós nasceu em outubro. Mas a partir daí foi deflagrada uma nova lei entre meus ancestrais: janeiro vem aí e o bicho vai pegar!

Meus avós maternos tentaram, mas não conseguiram. Na real, inverteram os papéis, pois a minha mãe nasceu no dia primeiro de janeiro – sim, a pobrezinha nunca teve uma festa de aniversário -, e o meu tio chegou no mundo em fevereiro.
Mas para não ficarem fora da moda, praticamente criaram uma sobrinha, a Neiva, mais conhecida como Tita na família. Ela botou o bloco na rua no dia sete de outubro.

A Tita era minha “inimiga” na infância. Ela adorava cinema e ficava até altas madrugadas vendo filmes em preto e branco na tevê. Terminava a maratona encarando séries como Tarzan. E pq minha inimiga. Simples: apesar da pouca idade, tinha, no máximo, dez anos, eu encarava filmes atrás de filmes até o sol raiar. Adoro filmes, mas a maior motivação consistia em bater recorde da Tita. A gente brincava um monte quanto a isso.

A Tita também faz um bolo de pudim inesquecível. Viajar até Pelotas significava comor o melhor bolo de pudim do Planeta Terra, o bolo de pudim da Tita. Na minha infância a gente vivia na cidade circundada pelo São Gonçalo, pois morávamos em Rio Grande. Bem pertinho.

Faz mais de vinte anos que eu não como o bolo de pudim da Tita, mas duvido que já tenham feito um melhor.

Do outro lado, meus pais paternos caprichavam durante o mês de janeiro. Minha avó colocou três dos cinco filhos no Mundo em outubro.

A Renata nasceu no dia 16 de outubro. Minha tia mais velha, ela pode-se orgulhar de um feito: entrou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul várias vezes seguida. A última no ano passado. Passou no vestibular para Designer ( ou outro curso semelhante), ao lado da filha de 17 anos que ingressou no curso de Matemática.

Sempre de bom humor, quer acertar as contas com o passado e tirar só A no curso. Por enquanto a missão está sendo cumprida com sucesso.

A Renata veio morar em Porto Alegre no final dos anos 70, no apartamento que eu habito hoje. Eclética, adora fotografia, cinema, teatro e o Ney Matogrosso. A Renata tem um dom: cozinha muito bem. Seus doces e salgados são famosos na família.

No dia 11 de outubro nasceu a Gilberta (Gica para os íntimos), a mais nova dos cinco filhas da minha avó paterna.

A Gica é um furacão em pessoa. Intensa, botava o Voltaire abaixo poguiando ao som do punk rock. A nossa pouca diferença de idade, apenas cinco anos, fez da nossa relação um jogo de amor e ódio. Eu amava odiar a Gica na minha infância. Implicava direto com ela. Ou seja, apanhei muito, mas também honrei a minha fama de papa léguas e consegui escapar ileso de várias perseguições. Era muita adrenalina.

A Gica se destaca na minha família pela obstinação. Nunca se deitou em berço esplêndido. Sempre procurou ascender economicamente e intelectualmente. Mesmo formada em história e dona de uma locadora na Cidade Baixa, não se aquietou. Passou para biblioteconomia na UFRGS em 2013, mesma universidade onde completou o primeiro curso.

Para encerrar o mês de outubro entre os meus ancestrais, falta falar do meu Pai. O “Seu Cadica” nasceu no dia 11 de outubro de 1955. Do meu pai herdei alguns traços genéticos (infelizmente não a altura, pois ele tem 1,80 e eu sou um anão) como as entradas, os gestos e muitas paixões, a maior delas o Grêmio.

Eu sempre brinco com os meus amigos. “Uma vez eu disse pro meu pai que o Grêmio era a coisa mais importante na minha vida. Ele deu dois passos na minha direção. Me abraçou e disparou: ‘nunca duvidei disso. Que orgulho’”. Claro que é uma piada, mas só reforça a importância do time de Lara e Luis Carvalho nas nossas vidas.

Meus pais sempre nos colocaram acima de tudo. Entretanto, eu a minha irmã não fomos criados num ambiente mimado. Desde criança tínhamos tarefas leves para colaborar na casa.

Da minha infância carrego várias coisas legais, algumas mais legais que as outras. Não me vem na mente viagens alucinantes ou dias inesquecíveis. São outras memórias.

Uma vez no Aldo Dapuzzo (estádio do São Paulo de Rio Grande), devia ter uns dez oito anos, e entrei na onda da torcida do time de casa que furiosa gritava olé contra a equipe de Rio Grande que tomava uma socada do adversário. Meu pai pegou meu braço, levemente, e me levantou da arquibancada. “Vamos embora. Não te trouxe aqui pra fazer isso”. Lição aprendida. Nunca gritei olé ou vaie meu time de coração.

Eles faziam o rancho semanal no super toda a sexta-feira. Vivíamos sem excessos. Os dois trabalhavam como professores estaduais e batalhavam cada centavo. Mas qual fosse a situação financeira, nunca, eu escrevi nunca, faltavam os agrados. O agrado atendia pelo nome de bolachinha recheada (ok, não era o mais recomendado para duas crianças, mas os tempos eram outros).
A pujança econômica era traduzida em dois pacotes pra cada um na semana. A estabilidade significa um pra mim e outro pra minha irmã, a Flávia. Quando as coisas não iam bem, um pacote apenas para os dois. Sete bolachinhas, divididas de forma salomônica. Mas elas estavam sempre lá em menor ou maior quantidade.

Meu pai me ensinou outra lição: nunca é tarde para tentar. Quase chegando aos 50 anos passou no Mestrado da UFRGS. Depois foi aprovado num concurso federal e trocou Alegrete por Porto Alegre. Seguem tendo uma vida sem excessos. Dão valor as coisas boas da vida como conhecer novos lugares

Meus pais ascenderam economicamente. Hoje se dão ao luxo de viajar duas vezes por ano. Em janeiro vão trocar o calor senegalesco de Porto Alegre pelos países perto do Senegal. Vão dar uma banda no Norte da África e Sul da Europa. Mérito de quem ensinou milhares de adolescentes ao longo da vida. Quem sabe, inspirados pelas belezas das Ilhas Canárias, não produzam mais um herdeiro em outubro. Brincadeira: minha mãe já se aposentou nessa matéria. Ah, é bom lembrar que nem eu, nem a Flávia nascemos em outubro.

As últimas duas crias de outubro nasceram nos anos 2000.

Primeiro a Raquel. Ela é filha do meu tio Felipe, irmão da mãe. A minha prima nasceu no dia 29 de outubro de 2004
Para meu orgulho, o Felipe e a Simone, esposa dele, escolheram esta pequena pessoa para ser padrinho da Raquel.

Apesar de nos vermos pouco, ela mora em Alegrete, a Raquel é uma das poucas pessoas que consegue amolecer o coração deste velho ranzinza. Até (arghh) McDonald's eu como só pq é o lanche favorito dela – a Ângela tem uma boa parcela de “culpa” tb.

Desde quando ela era pequenininha rolou uma cumplicidade. Não tinha esse papo de dindo e afilhada, a gente se dava bem independente dos laços familiares.

A Raquel é engraçada e implicante que nem eu. A futura bailarina, não perdoa ninguém. Apesar da pouca idade, sempre tem uma piada pronta. Eu fico perplexo com tamanha criatividade e espontaneidade.

E no último dia 21, completou um ano a Laura, a minha sobrinha. Uma criança muda os teus valores e o significado do que importa mesmo na vida.

Foi uma emoção indescritível a primeira vez que ela ficou no meu colo sem chorar. Ou quando retribuiu um sorriso. Parece que o tempo não anda. Quando lembro da imagem vem um sorriso sem motivo...em qualquer lugar.

A Laura recém iniciou a escrever as suas histórias. Quem sabe eu não volte daqui a uns trinta anos (ok, vinte. pq não vou viver tanto depois de me empanturrar a infância inteira de bolachinha recheada) pra contra com mais detalhes a vida dela.
Um salve ao mês de outubro. Um salve ao mês de janeiro!!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Quem acredita na Globo Mau?


A ESPN investiu mais forte do que nunca nas transmissões da NFL. Vão ser transmitidas mais de 100 partidas da temporada do Futebol Americano.

Curiosamente, hoje o programa Redação SPORTV abriu o link com os Estados Unidos falando exclusivamente de um documentário que aborda os riscos do esporte e como a NFL ignora a relações entre o futebol americano e danos cerebrais em ex-atletas.

Minutos depois o apresentador do programa, o jornalista André Rizek, leu um email de um telespectador. Mais ou menos a mensagem questionava o fato do Redação não apontar os mesmos risco em esportes como boxe e UFC, que fazem parte da grade da emissora de TV a Cabo da Rede Globo.

Rizek disse que não tratava-se de demonizar o esporte e reiterou que inúmeras vezes falou-se também dos riscos dos esportes de luta.

Porém, com um histórico pra lá de nefasto, como acreditar que a emissora carioca não ressaltou o documentário apenas pelo caráter da disputa comercial, deixando, mais uma vez, o interesse público de lado.

A Globo, em 2012, destinava poucos minutos da sua programação para destacar os Jogos Olímpicos de Londres. Parecia que a maior competição do Planeta tinha virado uma espécie de Jogos Abertos do Interior, torneio tradicional de São Paulo.

A mesma emissora já transmitiu eventos em reprise como se fosse ao vivo e costuma ignorar grandes competições quando não detém os direitos de transmissão.

Um histórico que faz até caras como eu, que odeiam Teorias da Conspiração, ficar com um pé atrás até mesmo numa simples matéria...